quinta-feira, 24 de abril de 2008

Primeira noite...



Mais um dia de trabalho, entre enfermaria e urgência...dias sempre diferentes mas este certamente ficará na minha memória.

Foi a minha primeira noite na Urgência.Ao contrário do que pensava às 5h da manhã continuava bem acordada, pronta para seguir a ver doentes, tal era a minha excitação.

No entanto, este também foi um dia diferente por outros motivos.

Desde que comecei a trabalhar ainda não me tinha cruzado com a dor dos outros desta forma.

Entre a redução de uma fractura, bem complicada, do punho (traduzindo, pôr os ossinhos no sítio) de um jovem de 27 anos, após uma queda de uma altura de 6-7m, e a drenagem de um derrame pleural (vulgarmente explicado como introdução de um dreno - tubinho - para retirar ar ou líquidos dos pulmões) de um idoso do serviço de medicina interna, posso dizer: por hoje chega!!!
Procedimentos em si dolorosos à partida mas que, dependendo do cuidado com que os fazemos, podem ser menos ou ainda mais dolorosos.

Definitivamente: Hoje foi o dia da DOR!!!

Todos os dias alguém se queixa (uns mais, outros menos) pela dor da sua doença ou pelas "maldades" que lhes temos que fazer. Actuo sempre pensando no bem do doente e fazendo o possivel para minimizar a dor da pessoa. Já sabemos que há certos processos em que é impossivel conseguir a ausência de dor mas podemos amenizá-la! Usemos os recursos que a medicina tem nos dias de hoje!
Porque lidamos com pessoas!!!
Podiamos ser nós a estar ali...podia ser o nosso pai/mãe, o nosso avô/avó, o nosso filho...e gostariamos que fossem bem tratados. Que tal sempre que fazemos algo pensarmos que podiamos ser nós a estar no lugar do doente?! Certamente seriamos bem mais cuidadosos...mas não é assim que todos deveriamos ser?! Responsáveis, atentos...
Estar doente já é desde si um processo debilitante que nos deixa mais vulneráveis. Estar num hospital não é certamente agradavel e a incerteza, o desconhecido perante o que poderá acontecer nos momentos seguintes não ajuda de certeza...uma palavra, um gesto para com a pessoa que está diante de nós não nos custa nada e, acredito, vale muito para o doente!

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